A mulher cujo corpo foi encontrado decepado, quinta-feira à noite, no Cacém (Sintra), foi assassinada à martelada pelo próprio filho, que depois lhe cortou a cabeça e a colocou no congelador do apartamento da progenitora.
O crime já foi desvendado pela Polícia Judiciária de Lisboa, mas as autoridades estão longe de ter uma explicação plausível para o que levou um filho único, de 46 anos, a praticar homicídio tão hediondo contra a mãe, Alcina Morais Teixeira do Canto, de 70 anos. No entanto, nos vários contactos com as autoridades, o assassino sempre mostrou consciência do acto, com discursos coerentes.
A vítima foi assassinada há cerca de 10 dias, quando se deslocou a casa do filho, em S. Marcos, no Cacém, para se despedir, por ir passar uma temporada de férias à localidade de Almaceda, em Castelo Branco, de onde era natural o falecido marido e pai do homicida. O filho, João José Teixeira do Canto, técnico de electrónica, não terá reagido bem à decisão da mãe, que o visitava frequentemente para fazer as limpezas da casa, embora já existissem problemas anteriores entre ambos, admitiram familiares ao JN.
Segundo fontes policiais, a vítima foi assassinada com sucessivas pancadas na cabeça e depois decepada em casa do filho, onde foram encontrados os objectos usados para a prática do crime, o martelo e uma faca. O corpo foi envolto em poliuretano e estava guardado na despensa, enquanto a cabeça foi levada para casa da idosa, na Venda Nova, Amadora.
"Não demos nem por mau cheiro, nem por gritos", contaram moradores do prédio onde o homicida vivia. O cheiro parece ter ficado escondido pelo envolvimento de poliuretano, enquanto os eventuais gritos da vítima foram abafados pela música "heavy metal" que o filho sempre ouvia muito alto.
Os vizinhos destacam o carácter reservado de João José e há quem o considere mesmo estranho. "Deixava os sapatos à porta de casa", contaram, ao JN, explicando que era um homem de poucas palavras. Nas paredes de casa foram encontrados, manuscritos, números e letras, para os quais a Polícia não encontrou ainda explicação.
Não se sabe quando, mas o certo é que, depois de esconder o corpo, o homem alugou um carro para se deslocar para Almaceda onde, anteontem de manhã, terá tentado matar-se com duas facadas na zona do pescoço. Um homem que o socorreu, em Rochas de Baixo, pouco depois das 8 horas de anteontem, disse, ao JN, que ele estava "ensanguentado da cabeça aos pés" e que lhe pediu para usar o telefone de casa para chamar os bombeiros, a quem acabaria por se confessar.
"Pediu-nos que chamássemos as autoridades porque queria confessar um crime", contou Marco Roxo, bombeiro de Castelo Branco que o transportou para o Hospital Amato Lusitano, onde era esperado por agentes da PSP. O homicida está agora no Estabelecimento Prisional de Lisboa.
Fonte: Jornal de Notícias
Dom Out 12, 2008 2:02 pm