Jesualdo Ferreira: "Ninguém morreu"

Jesualdo Ferreira não quis falar do passado. Da derrota com o Dínamo de Kiev, entenda-se. Preferiu, antes, falar da liderança do F. C. Porto na Liga e do Leixões: "A equipa está muito bem e sabe o que tem a fazer para ganhar".

Discurso curto e objectivo, mas também de rosto fechado e menos paciente do que em outras ocasiões, o treinador garantiu que o F. C. Porto "não ficou abalado" com o deslize na Liga dos Campeões: "Só se fica abalado quando morre alguém". E não foi o caso. O dragão continua na liderança do campeonato e mede forças diante do sensacional Leixões, na quarta posição e com menos um ponto. "Espero um adversário a discutir o jogo e não estou a ver o Leixões a ser um espectador", sublinha Jesualdo Ferreira, que elogia o conjunto de Matosinhos e o técnico José Mota.

Depois de uma jornada amarga para a Liga dos Campeões - "o Dínamo de Kiev acabou, não falo mais sobre o Dínamo de Kiev" -, desde cedo ficou claro que o treinador ia focar o discurso, apenas, no encontro de hoje e nas bases que sustentam o primeiro lugar do campeonato: "Vamos à frente e é bom que percebam que fizemos cinco jogos, jogámos na Luz e em Alvalade, estamos na liderança e queremos continuar aí. Por isso, temos de ganhar o jogo. Somos a melhor equipa da Liga portuguesa". Mas será que a turma de Matosinhos vai pagar a factura da derrota portista? "Todos pagamos a factura com a crise. Fosse qual fosse o resultado anterior, este jogo seria sempre para vencer".

Tendo como ponto de partida a noite europeia com o conjunto ucraniano, na qual os adeptos voltaram a assobiar o desempenho dos portistas, mesmo assim, Jesualdo Ferreira sente-se confortável quando a equipa joga no Dragão. "É sempre uma vantagem, porque é a nossa casa", resume, mostrando-se compreensível com as manifestações de desagrado: "Os assobios vão-se ouvir sempre, já não vou estar aqui e vocês vão continuar a ouvi-los. Em Portugal, os assobios são normais. Os adeptos do F. C. Porto estão habituados a ganhar, quando não ganham assobiam. Se estivesse na bancada, provavelmente também assobiaria".

Na véspera, Bruno Alves tinha dito que os reforços ainda estão em fase de integração, facto que Jesualdo Ferreira concorda, em parte, mas que não dá especial relevância. "Há jogadores que entendem muito bem o que é jogar no F. C. Porto e há outros que estão a caminhar para o entender", começa por exemplificar o treinador, sublinhando que "é uma questão de tempo" a adaptação contínua dos novos elementos. "Os jogadores estão a perceber, dia-a-dia, cada vez melhor. Mas quantas vezes os jogadores conhecem os processos, conhecem a equipa e o clube e não ganham? Estamos a fazer uma tempestade onde ela não existe". Ponto final.

Voltando ao confronto com o Leixões, realça a qualidade do adversário, "uma das equipas que melhor está a jogar neste momento". Portanto, adivinha-se um confronto interessante. "O seu treinador tem um conceito que me agrada muito e não estou a ver o Leixões a jogar no Dragão com todos atrás da linha da bola como fazem grande parte dos adversários", destaca, salientando que "a resposta tem de ser ao nível daquilo que é o F. C. Porto". A conquista dos três pontos: "Jogamos em casa e queremos consolidar a liderança".

Se José Mota, técnico do Leixões, pretende aproveitar um possível nervosismo portista, o cenário é desvalorizado. "Temos um processo e não é por isso que não se ganha. Os jogadores conhecem-no e espero que o interpretem bem e com rigor. Isso do nervosismo é de parte a parte, porque o adversário pode ficar nervoso primeiro. Queremos fazer um jogo que não deixe muitas hipóteses ao Leixões de discuti-lo connosco". Palavra de Jesualdo Ferreira.

Fonte: Jornal de Notícias