Uma agente da PSP vai estar no banco dos réus ao lado de 12 indivíduos acusados de tráfico de droga. As suas contas bancárias terão servido para o depósito de mais de 43 mil euros provenientes daquela actividade.
A rede de tráfico de haxixe e liamba, que operava em Gondomar e até tinha uma "estufa" para o cultivo do produto, foi desmantelada pela Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto, em Novembro do ano passado. Entre os detidos, destacava-se a mulher-polícia, de 28 anos, namorada daquele que é apontado como o cabecilha do grupo.
A jovem - que aguarda julgamento com termo de identidade e residência e a exercer funções na PSP - negou, desde logo, envolvimento e alegou desconhecer a actividade criminosa do companheiro, com quem se encontraria periodicamente, uma vez que presta serviço em Lisboa, enquanto ele residia em Gondomar. A versão apresentada pela arguida não convenceu os investigadores, nem o Ministério Público (MP), que decidiu acusá-la do crime de branqueamento de capitais.
De acordo com a acusação, ela esteve sempre a par das acções do namorado, de 29 anos, chegando mesmo a ceder-lhe as suas contas bancárias para o depósito de parte do dinheiro que o indivíduo conseguia com a venda do estupefaciente. Entre os anos de 2003 e de 2007, aquelas quantias ascenderam aos 43,6 mil euros, um valor que ultrapassava largamente o referente aos ordenados da mulher (cerca de 23 mil euros).
Para o avolumar das suspeitas contribuiu, também, o elevado nível de vida do casal, sendo que o suspeito estava desempregado desde 2004, após a falência de uma oficina de ourivesaria onde trabalhava com a tia. O MP acredita que o dinheiro da droga financiou-lhes diversas viagens a destinos "exóticos e turísticos", como Cabo Verde, Brasil, Maldivas, Costa Rica, Tenerife, México ou Indonésia. Os elementos recolhidos na investigação referem, também, a aquisição de viaturas, equipamentos de som e, em parte, de um apartamento registado em nome da mulher-polícia.
No que diz respeito ao circuito de tráfico propriamente dito, foi deduzida acusação contra 12 homens, com idades entre os 22 e os 36 anos e residentes no concelho de Gondomar. Teriam diferentes funções ao nível da venda, armazenamento, cultivo e doseamento do produto.
De acordo com a acusação, o alegado líder - em prisão preventiva - começou a dedicar-se em exclusivo àquele crime desde que ficou desempregado. Juntamente com outros três dos acusados, transaccionava, por mês, mais de três quilos de pólen de haxixe e cerca de dois quilos de liamba, num negócio que lhe renderia aproximadamente mil euros por dia.
Os suspeitos até montaram, numa das residências, no concelho de Gondomar, uma estufa, definida pelas autoridades como "sofisticada", onde era feito o cultivo da droga, com todas as condições de iluminação, temperatura e humidade. Nas buscas policiais foram encontradas dez plantas de canábis.
A operação, que levou ao desmantelamento do grupo, resultou, ainda, na apreensão de haxixe e liamba suficientes para a preparação de mais de 15 mil doses.
Fonte: Jornal de Notícias
Seg Out 27, 2008 4:26 am