O F. C. Porto somou a terceira derrota consecutiva, mas os adeptos que se juntaram, no Estádio do Dragão, para receber a equipa mostraram que estão solidários com os jogadores num momento difícil da época.
Chegou a equacionar-se uma reacção em massa da comunidade azul-e-branca, mas algumas movimentações dos responsáveis dos SuperDragões foram suficientes para colocar água na fervura e desmobilizar a maioria dos adeptos, que, de cabeça quente, montou guarda na casa do tricampeão para receber a comitiva portista, depois da derrota com a Naval, a segunda na Liga, após o desaire caseiro com o Leixões, e a terceira consecutiva, depois da desilusão com o Dínamo de Kiev, para a Champions.
Houve contestação, sobretudo às opções de Jesualdo Ferreira, mas, já depois das 23 horas, no momento em que o autocarro que transportava os jogadores deu entrada no Dragão, os assobios deram lugar aos aplausos, tendo-se escutado cânticos "campeões, allez, campeões, allez" e "Força, F. C. Porto".
Para todos os efeitos, a polícia de intervenção já tinha montado um dispositivo de segurança, de modo a salvaguardar qualquer imprevisto. Mas não foi preciso. Todos jogadores foram aplaudidos e o médico Nélson Puga até trocou algumas impressões com os adeptos.
No rescaldo da terceira derrota consecutiva, Jesualdo Ferreira defendeu os jogadores e afastou o cenário de crise: "Não se pode colocar em causa a forma como a equipa se bateu, trabalhou e correu. Fomos claramente melhores na primeira parte e criámos situações suficientes para chegar ao intervalo em vantagem. Na segunda parte, levámos um golo esquisito, na linha do que tem vindo a acontecer, mas criámos ocasiões para, no mínimo, não perder".
O técnico mostrou-se, naturalmente, incomodado com o resultado, mas fez notar que "não existe nada a apontar aos jogadores".
"A partir de determinada altura, jogámos mais com o coração e, na recta final, os atletas da Naval perderam tempo, uma situação em que o árbitro foi conivente. Acabámos por perder um jogo que devíamos ter ganho". O cenário é "pouco usual", reconhece o treinador, que "não tem explicação objectiva" para o actual momento. "O que sei é que, em termos de trabalho, não merecemos isto", concluiu.
Ulisses Morais, apesar de ter inscrito o seu nome na história da Naval, como o primeiro treinador que levou a equipa da Figueira da Foz a ganhar ao F. C. Porto, não exteriorizou sinais de euforia. "Este grupo tem sido fantástico e esta vitória é para aqueles que, neste momento, estão impossibilitados de jogar. Fomos organizados e, com maior lucidez, podíamos ter feito mais um golo. Temos criado a ideia que podemos ganhar à melhor equipa do Mundo. Não olhamos aos nomes e procuramos ser competentes".
Fonte: Jornal de Notícias