Quantum of solace", o 22º filme da saga James Bond, chega hoje às salas portuguesas. Por trás do misterioso título, esconde-se um festival de acção e de emoções. O mais recente agente 007, Daniel Craig, volta a convencer.
O novo filme da série oficial de James Bond, produzida pelos Broccoli desde 1962, não se baseia em nenhum dos livros de Ian Fleming, cujas adaptações já estão "esgotadas". Mas mantém o espírito original, de tal forma que, mesmo que fôssemos colocados sem o saber na sala de cinema, perceberíamos que estávamos na presença de um James Bond.
Atingida a maioridade aos 21, o vigésimo segundo filme da série mostra-nos um Bond a tratar de um caso pessoal. Pelo caminho, vai ter de salvar o Mundo. Mas a principal motivação é a vingança, pela morte da noiva. Um Bond humano? Já o era em "Casino Royale", pois nunca tínhamos visto o agente secreto mais famoso do Mundo sofrer tanto, sobretudo na carne, as agruras do trabalho com que vai ganhando a vida. Aliás, essa adaptação da personagem aos novos tempos, estratégica certamente por parte dos produtores da série, é uma das surpresas do cartaz.
Se repararem bem, além do título, que, pela primeira vez, não tem uma tradução directa em português, há um pormenor a que não estávamos habituados. É que Bond tem ao seu lado, e com o mesmo destaque que ele próprio, a principal personagem feminina do filme, que normalmente representava um papel meramente acessório ou mesmo decorativo.
Essa demonstração de humanidade, mesmo de fragilidade, tem sido, aliás, uma das razões principais para a plena aceitação de Daniel Craig como Bond, originando, assim, uma identificação por parte dos espectadores que vai muito para além das virtudes do herói. Bond continua a sê-lo, mas agora é um herói de carne e osso.
Na nova aventura, a morte da noiva, originada pela organização criminal conhecida como Quantum, leva Bond a iniciar um périplo que o leva, desta vez, à Áustria, a Itália e à América do Sul, motivado pela vingança pessoal, mas impedindo, pelo caminho, o cérebro do mal de concretizar os seus diabólicos planos. E há de tudo em "Quantum of Solace": perseguições pela montanha ao volante do Aston Martin, corridas de barcos e motos, cenas em esgotos, tiroteio e pancadaria. Tudo servido pela extraordinária máquina dos Broccoli, dirigida por um cineasta estreante nestas andanças, Marc Forster, autor de filmes quase sempre tão interessantes como "Depois do Ódio", que valeu o Óscar de Melhor Actriz a Halle Berry, ou "À Procura da Terra do Nunca", uma variação "adulta" do mito de Peter Pan.
Além disso, o argumento de "Quantum of Solace" foi cozinhado a meias entre dois já veteranos da saga Bond, Neal Puris e Robert Wade, e Paul Haggis, que escreveu com eles "Casino Royale".
No capítulo dos actores, também sempre muito cuidado pelos Broccoli - agora, apenas Barbara, após a morte do pai, Albert. Além de Craig, também Judi Dench está de volta, como a sua já imprescindível "patroa" nos Serviços Secretos, M. A Bond Girl de serviço, a menina do cartaz, é a ucraniana Olga Kurylenko, uma ex-modelo com uma carreira meteórica.
Quanto ao vilão, foi entregue a um dos grandes actores franceses do momento, Mathieu Amalric. E ainda há tempo para Jesper Christensen repetir a personagem de Mr. White, de "Casino Royale", e para voltar a ver o veterano italiano Giancarlo Giannini.
Fonte: Jornal de Notícias