O Tribunal de Braga inicia, sexta-feira, o julgamento de dois homens acusados de assassínio em Braga, com 13 facadas, de um homem de Felgueiras a quem roubaram 170 euros.
Fonte das varas mistas daquela tribunal adiantou hoje, à Lusa que, além dos dois arguidos, o processo envolvia um terceiro, Rogério Monteiro, entretanto declarado contumaz pelo tribunal, que decidiu separar o respectivo processo.
O julgamento esteve marcado para 13 de Setembro, mas foi adiado dado que as perícias pedidas pelo advogado de defesa dos arguidos, Pedro Carvalho, para avaliar as respectivas personalidades, ainda não estavam prontas.
O jurista havia, também, solicitado ao tribunal que ordenasse perícias de certificação de voz às escutas telefónicas feitas pela PJ aos telemóveis dos arguidos, mas o Laboratório de Polícia Científica da PJ sustentou que tal ainda não é possível em Portugal.
A posição do Laboratório vai ser usada pelo causídico para pedir ao tribunal que invalide a prova produzida através das escutas.
O advogado da vítima, João Magalhães, adiantou hoje à Lusa que o crime foi particularmente bárbaro, já que os três agressores - dois deles presos preventivamente e um outro a "monte" - golpearam a vítima na testa e em várias partes do corpo, tendo-lhe, também, batido com uma bola de bilhar embrulhada numa meia.
Os acusados são Emídio, Inácio e Rogério - este ausente em parte incerta e já contumaz - com idades entre os 22 e os 33 anos, todos de apelido Monteiro e residentes em Felgueiras.
De acordo com a acusação, os três arguidos obrigaram, em 14 de Julho de 2007, a vítima, Gaspar Teixeira Magalhães, também de Felgueiras, a deixá-los conduzir o carro em que se deslocava, e acabaram por lhe tirar o cartão Multibanco.
Dado que se recusou a indicar o respectivo código do cartão bancário, os três arguidos desferiram-lhe vários golpes - supostamente com navalha - em diversas partes do corpo, obrigando-o, assim, a fornecê-lo.
Depois de levantarem 100 euros numa caixa ATM em Felgueiras e de lhe roubarem os 70 que trazia na carteira, conduziram a viatura - com o dono no banco de trás - até Braga, na zona de Gondizalves, no chamado monte da "Amarela".
"Nesse local, e em conjugação de esforços, bateram-lhe várias vezes na cabeça com uma bola de bilhar envolvida numa meia e golpearam-no novamente em várias partes do corpo com um objecto de natureza cortante", sustentou o Ministério Público.
De seguida, abandonaram-no num local isolado do monte, "assegurando-se, assim, de que a vítima não seria encontrada logo após o abandono".
Regressaram, então, a Felgueiras onde, "para fazer desaparecer todos os vestígios, incendiaram a viatura da vítima, avaliada em 6.350 euros".
O cadáver de Gaspar Teixeira Magalhães foi encontrado, no dia seguinte, no monte da Amarela.
O relatório da autópsia indica que os alegados assassinos deram 13 facadas na vítima e agrediram-na com a bola de bilhar, tendo sido essas as causas directas da morte.
Os três homens estão, assim, acusados dos crimes de homicídio qualificado, dano qualificado, e sequestro. Ambos estão em prisão preventiva.
Um dos arguidos, Emídio, é reincidente e encontrava-se em liberdade condicional já que fora condenado em 2005 pela prática de um crime de homicídio simples, na forma tentada, e pelos crimes de furto qualificado e detenção de arma proibida.
Fonte: Jornal de Notícias