Os 127 quilos de cocaína pura apreendidos pela Polícia Judiciária do Porto no porto de Leixões tinham como destino o "Cartel de Madrid", uma organização criminosa colombiana. Um português importou a droga do Panamá.
A cocaína vinha escondida na madeira de peças de mobiliário artesanal de jardim, importadas por iniciativa de um cidadão português, que é apontado pela Polícia Judiciária como uma peça fundamental de um esquema " altamente organizado".
O português, sem profissão conhecida, já tinha sido detido, na semana passada, juntamente com a droga, mas a conclusão da operação "Sempre à Coca" só aconteceu anteontem com a detenção de dois colombianos - os presumíveis destinatários da cocaína - que se deslocaram a Portugal para pagar a droga.
Os suspeitos têm entre 23 e 36 anos de idade e constituem, segundo a Polícia Judiciária, "presumivelmente, o topo da hierarquia na organização" que foi agora desmantelada.
O JN apurou que este não seria o primeiro carregamento suspeito organizado pelo português, que nunca aparecia directamente no negócio. Normalmente, usava empresas de terceiros, seus conhecidos, para dar o nome nas formalidades da importação.
Apesar de a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo ter estado sempre ao corrente da situação e colaborado na tentativa de detecção de dois ou três carregamentos anteriores, só na semana passada, quando a própria PJ inspeccionou um contentor, foram descobertos 330 pacotes de cocaína de elevado grau de pureza.
O produto daria para mais de 1,2 milhões de doses, podendo atingir na rua o valor de 15 milhões de euros, e tinha como destino o "Cartel de Madrid" - uma organização criminosa composta por cidadãos colombianos que tem como base de operações a capital espanhola - caracterizado pela grande violência dos seus elementos.
Para além do tráfico de drogas, o grupo está também referenciado em assaltos à mão armada de grande aparato. As suas actividades justificaram até a vinda de elementos de elite da Polícia colombiana, para ajudar, em regime de permanência, a Polícia espanhola.
Segundo a PJ, a rede operava em Portugal desde 2006 e tinha por principal característica a sua extrema organização, chegando ao ponto de utilizar medidas de contra-vigilância para neutralizar a acção dos inspectores da Judiciária.
As investigações prosseguem em várias vertentes, designadamente quanto ao envolvimento de mais pessoas no caso. Os três detidos foram já sujeitos a primeiro interrogatório judicial e todos ficaram em prisão preventiva.
Fonte: Jornal de Notícias