De vilões que agarravam as crianças aos sofás durante horas, os jogos de vídeo passaram a aliados na luta contra a obesidade num ginásio em Lisboa, onde os mais pequenos têm de suar muito para pôr os seus heróis virtuais a mexer.
Paredes interactivas, bicicletas e passadeiras ligadas a jogos de vídeo transformam o ginásio num mundo virtual cheio de cor e movimento, onde o desafio da pontuação faz os miúdos e adolescentes (entre os 3 e os 17 anos) esquecerem que estão a fazer exercício físico. "Nem dou conta do tempo que passo aqui. É muito mais divertido do que estar em casa a ver televisão", diz Zé Pedro, 13 anos, enquanto pedalava intensamente para conseguir vencer a corrida de carros que passava no ecrã à sua frente.
A luta contra os quilinhos a mais também já começou a ser ganha por Zé Pedro, que perdeu dois quilos desde Julho, altura em que o NexGym abriu as portas no Lumiar.
O conceito de usar a tecnologia dos computadores e dos jogos de vídeo para cativar as crianças e adolescentes para o exercício físico nasceu nos Estados Unidos para combater as elevadas taxas de obesidade infantil e foi importado para a Península Ibérica por José Júlio Carvalho e Carlos Barbosa, que abriram em Lisboa a primeira unidade da Europa.
O projecto mereceu "aplausos" da Plataforma contra a Obesidade, da Direcção-Geral de Saúde (DGS), considerando-o "um contributo para prevenção da obesidade", num país onde um terço das crianças tem excesso de peso.
Tudo é diferente neste clube de "fitness". A começar pela palavra "ginásio" que não é utilizada para não "afugentar" as crianças, que também não precisam de equipamento a rigor, apenas de uma roupa confortável e ténis para não sentirem a pressão de que estão a fazer exercício físico, explicou José Carvalho.
Depois de ter ganho um combate inter-galáctico no "Makoto" - um jogo muito utilizado no Japão para treinar artes marciais, por exigir muita concentração e capacidade de reacção rápida -, Catarina estava toda encharcada, mas feliz. "Este ginásio é mil vezes mais divertido do que o outro onde eu andava, que era uma seca. Fazíamos sempre a mesma coisa", observou Catarina, 9 anos, logo corroborada por Gustavo, também de 9 anos: "Eu jogava computador em casa, mas aqui fazemos exercícios ao mesmo tempo que jogamos e fazemos amigos".
Fonte: Jornal de Notícias